Não é de hoje que se vive uma forte tendência mundial em torno da sustentabilidade, tendo em vista o estado de degradação avançada do planeta em que vivemos. Os estudos têm se debruçado para apontar os pontos emergentes e eventuais avanços encontrados, mas o que ocorre é que estamos na “raspa do tacho” - não temos mais crédito com o planeta. Tornou-se obrigatória uma consciência global para que se possa contornar o problema.
O conceito de desenvolvimento sustentável não pode ser encarado como resultado interno das organizações, do setor público, ou do setor privado. Exige toda uma mobilização mundial para trazer à tona a preocupação com a saúde do planeta. Trata-se de uma nova ética em que coloca no centro da questão, não mais a evolução particular e egoísta do ser humano, mas condiciona o bem-estar das pessoas e seu desenvolvimento à preservação do meio ambiente.
Enquanto Brasil, temos a legislação ambiental mais rígida de nosso planeta, de modo que as reservas legais em propriedades rurais privadas devem ser na ordem de 80% sobre o todo, se localizada na Amazônia; de 35% se estiver no Cerrado da Amazônia; e de 20% se esta propriedade estiver no restante do país. Se pensarmos em desfrute da área, em contrapartida, a produção somente poderá ocorrer em 20% da área de uma propriedade rural, se estiver no bioma Amazônia; em 65% se na área de Cerrado, ainda na Amazônia; e em 80% nas demais áreas. Pois bem, conforme dados da Embrapa, isso resulta atualmente na manutenção de 66,3% de cobertura nativa.
Se comparado com os demais países, o Brasil além de crescer e se desenvolver com preservação ambiental, é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Esse resultado é fruto da inserção de tecnologia da porteira para dentro, com estudos e avanços tecnológicos na proteção do solo, conduzindo o setor agrícola para além das fronteiras.
Todavia, uma engrenagem não se faz com apenas um elo. Mesmo com a proteção legislativa do Novo Código Florestal aplicada e mapeada através do CAR (Cadastro Ambiental Rural) para todo o território nacional, os demais integrantes da engrenagem também devem cumprir com seu papel.
Desse modo, é de ser lembrado que o setor financeiro tem sido um grande incentivador no tocante aos financiamentos para atividades de baixo carbono, lançando linhas de crédito específicas para área e proporcionando a premiação de ações positivas, ao invés de calcar nas penalidades. O setor de agroquímicos, não de hoje, tem desenvolvido produtos com menor impacto ambiental possível combativo às pragas, através de moléculas à base de água, e com eficiência de 97% na logística reversa de resíduos sólidos, bem como o setor automotivo já tornou realidade caminhões 100% elétricos, de modo que fazendas no interior de São Paulo já trabalham com esse meio de transporte.
Dentro desse panorama, fica evidente que o setor produtivo de base tem tomado atitudes importantes para um desenvolvimento sustentável, caminhando para uma economia circular. Porém, ao analisar a cadeia de alimentos também se faz primordial que a sustentabilidade seja efetivada até o consumidor. Que este, então, condicione suas escolhas com olhar global, consuma com consciência, evitando o desperdício e viabilizando o devido encaminhamento dos resíduos que produz.
Esse texto também foi publicado no Jornal Popular, edição 1.605, de 03 de junho de 2021.