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Possibilidade em restrições e embargos

17 de fevereiro de 2022
Autor : Luiza da Silveira Bavaresco

Muito em razão de sua posição como principal player mundial na produção de alimentos, o Brasil está no alvo de diversas manifestações legislativas pelo mundo para obter rastreabilidade de produção. Este foi um dos pontos relevantes debatido junto à COP26 no final do ano passado, da qual também tivemos vitórias importantes.

Foi de grande valia a apresentação colocada a respeito dos meios sustentáveis de produção de alimentos do Brasil, bem como de sua robustez legislativa de proteção ambiental. Dessa forma, os compradores de nossos produtos puderem ter melhor conhecimento do que se passa no cenário interno e da grande preservação de que é feita diretamente nas propriedades rurais.

Porém, outro ponto que resta claro, é que os compradores, estão cada vez mais compromissados em averiguar a origem da produção, e para tanto, é preciso investir em rastreabilidade para que possamos seguir no jogo. Ou seja, os países com que o Brasil se relaciona no mercado internacional estão interessados – inclusive com projetos de lei em âmbito interno em países da União Européia – em autorizar apenas a compra de produtos que não sejam oriundos de áreas de desmatamento ilegal. Paradoxalmente, poucos infratores prejudicam o setor como um todo: somente 2% das propriedades agrícolas respondem por 62% de todo a conversão ilegal, segundo Niels Søndergaard, doutor em Relações Internacionais e Pesquisador Sênior do Insper Agro Global.

Percebe-se que são poucas as propriedades que não se ajustam no cenário de adequação ambiental, e que podem gerar problemas para todo o setor. De fato, o produtor rural gaúcho em conformidade ambiental, não tem qualquer interesse na perpetuação de atividades ilegais e invasões no norte brasileiro. Porém, corre o risco de pagar por isso involuntariamente.

A saída para o setor está na continuidade da preservação ambiental, aliado com o incremento de uma produção cada vez mais sustentável, com baixa emissão de carbono e maior quantidade de áreas reflorestadas. Fruto da COP26, o mercado de carbono será tão logo uma realidade. Para tanto, também é preciso aniquilar a cultura de impunidade ambiental, perdoando antigos danos efetuados no passado. As ferramentas governamentais devem dar apoio ao setor produtivo que já realiza muito bem seu papel de preservação x produção.

Não existe mais a ideia de que produzir em conformidade ambiental seria uma tendência ou uma linha de mercado. Ela veio para ficar e será cada vez mais exigida no mercado interno ou externo, como já visto. Quem não se adequar, estará fora do jogo e sofrerá as penalidades. Com certeza, os ganhos de hoje na preservação ambiental são preciosos, porém, é preciso mais, e já sabemos “camarão que dorme, a onda leva”.

Esse texto também foi publicado no Jornal Popular, edição 1.641, de 17 de fevereiro de 2022.

Dados retirados de: https://veja.abril.com.br/coluna/agro-global/demandas-globais-por-desmatamento-zero-e-a-agricultura-brasileira/

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