São em momentos de crises que muitas oportunidades de crescimento se colocam à prova. Para uma nação, tempos de guerra se mostram ainda mais desafiadores. Nesse passo, ainda que não haja um envolvimento direto, o Brasil não passa ileso pelas consequências decorrentes do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Particularmente, ainda que haja uma maior irresignação com o atual conflito, não se pode dizer que em razão dos demais conflitos que ainda persistem em outras regiões tomem menor importância. Entretanto, a atual guerra é travada por um importante fornecedor de matéria-prima para nossa economia primária, ou seja, a Rússia e Bielorússia são os maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil, produto utilizado amplamente pelas cadeias produtivas.
Por conta da situação de possibilidade de bloqueio de embarcações de fertilizantes, e risco iminente de desabastecimento deste produto para a próxima safra, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou nota garantindo que até o momento não havia nenhuma embarcação com bloqueio, sendo autorizado o prosseguimento das embarcações, pois as dificuldades encontram-se na logística para o escoamento das mercadorias.
A ministra Tereza Cristina, afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan, no dia 03 de março, que o Brasil tem fertilizantes suficientes para o plantio até outubro e que o governo já trabalha desde o ano passado para garantir alternativas para o suprimento do setor.
Na segunda-feira, dia 14 de março, reuniu-se com representantes de empresas de fertilizantes do Canadá, referência em potássio para buscar maiores garantias de fornecimento dos produtos para o setor ter as próximas safras viabilizadas.
Em dados gerias, o Brasil importa cerca de 85% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. Atualmente, o Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% do total, e é o maior importador mundial. Em 2021, as importações brasileiras de fertilizantes foram superiores a 41 milhões de toneladas, o que equivale a mais de US$ 14 bilhões.
Ainda, a Ministra declarou que a Embrapa fará estudos de solo pelo Brasil para verificar onde a eventual redução de adubo poderá impactar menos na produtividade, bem como que o Plano Nacional de Fertilizantes já está pronto e deve ser lançado até o dia 17 deste mês. No plano de fertilizantes, foram identificados gargalos de legislação, tributários e de demora de licenças ambientais, o que devem apresentar entraves para o alcance de soluções devidas ao tema.
Esse texto também foi publicado no Jornal Popular, edição 1.645, de 17 de março de 2022.