Olá, muito prazer, meu nome é fulano e sou cheio de imperfeições, mas também honesto e verdadeiro comigo mesmo. Ninguém fala algo assim. Afinal, é uma maneira nada tradicional de iniciar um relacionamento, seja ele do tipo que for. Na segunda frase, a outra pessoa não daria mais ouvidos. Porém, é uma maneira interessante de pensar.
A vida seria mais leve se tivéssemos o entendimento de que é primordial enxergar a si mesmo, se autoconhecer antes de exigir melhores relacionamentos. Porém, é uma tarefa para poucos, para aqueles imbuídos de coragem e amorosidade. Olhar para si e encarar as falhas e erros que cometemos e como julgamos a nós mesmos, sem dúvida, é uma luta ardente. No entanto, é preciso ter coragem e saber que este é um caminho de cura, pois ao acolhermos com amor nossas imperfeições, preenchemos com compaixão também nossos relacionamentos.
A pesquisadora Brené Brown transformou isso em números, trazendo evidências científicas de que o modo como lidamos com as nossas conexões está ligado com o quão vulnerável nos dispomos a viver. Nesse panorama, rapidamente encontramos aqueles que não suportam correr riscos e aqueles que sabem lidar com tal situação com mais tranquilidade. Não é uma tarefa fácil, geralmente os medos paralisam nossas ações, e permitimos que a vergonha, a intolerância, o pré-conceito tome conta. Paralisados, deixamos passar entre os dedos uma oportunidade de alegria, criatividade, compaixão, inovação, e de tantos outros sentimentos do coração, porque estamos anestesiados de medos, receios e constrangimentos.
Todos podemos errar, e só assim o faz, aquele que arrisca. Estamos muito longe de sermos perfeitos. O que importa é que possamos disfrutar da vida sem arrependimentos de não ter agido da forma como gostaria, ou de não ter tentado resgatar algo que lhe era caro, de vivermos com verdade e transparência, em razão de tantos sentimentos que impedem a vivência plena.
Esse texto também foi publicado no Jornal Popular, edição 1.617, de 26 de agosto de 2021.