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Alysson Paolinelli

08 de abril de 2021
Autor : Luiza da Silveira Bavaresco

E se eu contar que o Prêmio Nobel pode ser entregue a um brasileiro? Certamente, os olhos se arregalam, um sorriso no rosto seguido de peito estufado. Pois, então, continue, porque é verdade. O nome desse grande brasileiro é Alysson Paolinelli, agrônomo e político, mineiro nascido em 1936, e um visionário da agricultura brasileira. Talvez muitos não devem ter ouvido falar e muito antes de eu nascer, ele já liderava uma nova “Revolução Verde” para que todos pudéssemos, hoje, colocar comida na mesa de nossas famílias, com qualidade e segurança.

Foi professor e diretor da Escola Superior de Agricultura de Lavras, e Secretário da Agricultura do estado de Minas Gerais por três vezes. Em 1974, foi Ministro da Agricultura, iniciando um momento de transformações marcantes para o setor, com a intensificação na expansão da agricultura para o Centro-Oeste brasileiro e estruturação da governança, a fim de realizar uma revolução agrícola tropical sustentável. Estruturou a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), trazendo profissionais capacitados e focados das universidades e no campo de assistência técnica. Como deputado constituinte, perseverou para que na Constituição Federal constassem os pilares para uma agricultura competitiva, sustentável e inclusiva.

Foi laureado pelo World Food Prize, o “Nobel” da Agricultura, no ano de 2006, juntamente com Edson Lobato, pesquisador aposentado da Embrapa Cerrados, e com o cientista norte-americano Andrew Colin McClung, em virtude do papel vital na transformação dos solos inférteis do Cerrado em áreas agrícolas produtivas, o que viabilizou a agricultura tropical no Bioma. Paolinelli atualmente preside a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e o Instituto Fórum do Futuro.

Homem de grandes feitos, viabilizou a revolução da agricultura brasileira até os patamares atuais, de modo que transformou um Brasil importador de alimentos, da década de 1970, cuja agricultura estava somente nas mãos do homem do campo, com pouco acesso às tecnologias e maquinários, para abrir caminhos para uma nação exportadora de alimentos e potência do agronegócio, vendendo seus produtos a mais de 150 países, possibilitando alimentar cerca de 1,2 bilhões de pessoas no mundo todo em 2016. Não bastasse, aos 84 anos, ainda lidera o projeto Biomas Tropicais, focado em formar um planejamento estratégico para promover, até 2050, conforme expectativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 40% da expansão da produção mundial de alimentos, ou seja, para mais de 1,12 bilhões de pessoas, assim promovendo a Paz.

Portanto, não por menos se justifica reverenciar uma vida dedicada ao desenvolvimento da agricultura, combate à fome e sustentabilidade. Assim, a Esalq/Usp (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" – USP) indicou-o em janeiro de 2021, com mais de 100 cartas de representantes de instituições de 24 países, para o Prêmio Nobel da Paz que somente será anunciado em outubro deste ano.

Essa trajetória admirável, coloca a ciência no seu local de destaque, pois através de um trabalho técnico e científico, foi possível avançar as fronteiras agrícolas, transformando um solo empobrecido e improdutivo do Cerrado, em uma área pujante da agricultura, que viabiliza duas safras no ano a partir da rotação de culturas, de sementes adaptadas e novas técnicas, logo, é possível fazer mais em menor espaço.

Por isso, este reconhecimento tem um grau de importância não só para ele, mas para todos os brasileiros, no que diz respeito à valoração da ciência brasileira, e no que diz respeito à valoração da agricultura aliada ao meio ambiente. E são nesses passos já marcados por esse homem de grande importância para o nosso país que também se deve trilhar os próximos passos como nação sustentável. Portanto, nas palavras do Sr. ex-Ministro Roberto Rodrigues, um dos líderes de sua indicação ao Nobel: “Paolinelli é o visionário da maior revolução agrícola tropical sustentável, um grande construtor da paz, pois alimento é paz, sustentabilidade é paz”.

Esse texto também foi publicado no Jornal Popular, edição 1.597, de 08 de abril de 2021.

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