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A mulher no setor rural

21 de outubro de 2021
Autor : Luiza da Silveira Bavaresco

A passos largos a figura feminina vem tomando seu posto na sociedade. Não tão distante, tivemos direito ao voto e ao trabalho digno, conquistas importantes e seguidas por outras complementares que puderem trazer melhores condições para uma igualdade social. Os desejos do início do século passado, então, passaram a se concretizar até o presente, e com novas perspectivas de avanços em todos os vetores sociais, já vistos, inclusive, no setor rural.

Permeado por conservadorismo patriarcal, o setor rural apresenta uma verdadeira revolução feminina durante este período, tanto que é possível perceber a inserção de mulheres nas posições de lideranças do agronegócio atuais. Além disso, o interesse das novas gerações em permanecer no negócio da família rural, ao invés de migrar para outras profissões essencialmente urbanas, bem como para os grandes centros, possibilitou essa transformação.

Com muita dificuldade, vem se alterando a visão das atividades no campo, como essencialmente masculinas. As tarefas femininas eram e ainda são, de forma errônea e pejorativa, consideradas como ajuda, quando na verdade, são muito mais que isso. São responsabilidades domésticas e familiares, como o “fazer comida”, “cuidar dos avós”, e ainda “cuidar da terra”, que permitem a perpetuação no campo. Ou seja, a ajudinha não era considerada como atividade de gestão rural, portanto, não figurava a mulher como pessoa atuante no negócio rural.

Contudo, o papel feminino não se restringe somente à casa e aos familiares, estendendo-se às atividades do campo, subindo em máquinas, discutindo parte técnica da atividade, financeira e gerencial. E a partir dessa força e garra feminina que a sua importância vem sendo verdadeiramente admitida e valorizada, mudando o paradigma inicial.

Não por menos, no dia 15 de outubro, comemora-se o dia Internacional da Mulher Rural, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1995 com o intuito de elevar a consciência mundial sobre a importância dessa figura feminina como protagonista nas mudanças econômicas, sociais, ambientais e políticas. Nessa data, a revista Forbes Brasil lançou a sua primeira lista das “100 Mulheres Poderosas do Agro”, com nomes de diferentes segmentos do setor.

Em 2019, tive o prazer de conhecer e ler o livro “Mulheres do Agro”, que apresenta o mesmo propósito. Conduzido por quatro autoras profissionais do agronegócio, trazem histórias inspiradoras de cinquenta mulheres com trajetórias e focos distintos, vencedoras e líderes rurais, dentro de uma sociedade pós-industrial, chamada de 5.0.

Além desses, diversos movimentos de valorização da figura feminina estão sendo desenvolvidos, mostrando que já existe, em verdade, a construção de uma nova mulher. Em um país com vocação natural para o agronegócio, percebe-se que a diversidade articulada de forma integrada será o futuro para equilibrar as gerações e transformações que virão, tendo a mulher, papel gerencial ímpar nesse contexto.

Esse texto também foi publicado no Jornal Popular, edição 1.625, de 21 de outubro de 2021.

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